A poetisa “fenómeno”, Chissola Daúd, pretende lançar uma colectânea de poemas que reflectem a vida em África, intitulada “O Destino Africano e as correntes de Sua Raça Negra”. Além disso, está a escrever um romance intitulado “Matateu e a ambição dos Homens”. Ambos retratam a vida das nações africanas, abordando problemas actuais como a corrupção, e a exclusão dos povos na gestão de recursos minerais.
Texto de Albino Mahumana
Sem datas marcadas, Chissola Daúd quer, através dos seus escritos, moldar mentes, na busca pela igualdade. Desta forma, também pretende provar que “África precisa de se libertar, África precisa de um destino sem correntes”, disse.
Uma das pessoas que a motivou a tomar a decisão de publicar os textos, revela, é o escritor Ernesto Moamba, distinguido recentemente com o Global Poetry Atuam.
“Até aqui, tem sido um real parceiro do meu percurso. A nossa abordagem acaba sendo espelho do trabalho de ambos”, explicou.
Natural de Boane, província de Maputo, Chissola Daúd é uma pessoa tímida que encontra na escrita um espaço para se libertar e expressar sentimentos.
Pegou o gosto pela escrita na escola, quando, em 2015, teve que elaborar textos literários para uma avaliação.
“Não tinha ideias para o efeito, e repentinamente decidi escrever a minha realidade, e, por mais incrível que pareça, o poema acabou sendo o melhor da turma. E a partir deste instante começo a escrever poesia de reflexão”, disse.
Além de poemas, a escritora se aventura noutros esboços. “Tenho um romance já a escrever”, revelou.
Chissola Daúd confessa que produzir o romance está a ser desafiante, uma vez que não tinha familiaridade com este género de escrita, mas tudo está a fazer para obter bons resultados.
“Vi na escrita uma terapia para fugir das críticas”
Apesar de contida, tem um olhar apurado com que observa o dia-a-dia. Inspirada na dura realidade vivida pelo meio onde habita, Chissola Daúd conta dilemas e situações diversas que experimenta no quotidiano.
“Vivo no campo e conheço todas as dificuldades que um povo tem. A pobreza está ao meu redor, sei dormir com fome, já estudei debaixo da árvore, sei também o que é ter escassez de água, igualmente sei das dificuldades para ter emprego, sou uma desempregada”, disse, acrescentando que a sua poesia se resume no que vê e sente.
Ambiciosa, a escritora perspectiva um futuro risonho para a sua carreira literária.
“Ainda não tenho um livro, mas é um sonho meu. Ainda não ganhei um prémio, uma vez que só saí do anonimato há uma semana, mas pretendo concorrer a alguns concursos de poesia. A poesia é o meu forte porque me faz expressar o meu íntimo” rematou.
Para que o sonho se torne realidade, Chissola Daúd sabe que terá de trabalhar com dedicação. Aliás, a cada minuto surgem novas ideias “interessantes” que podem contribuir para aquecer o coração dos leitores.
Esconde a timidez nas águas da escrita, mergulhando em mares como a desigualdade social e económica, bem como a violação da liberdade de expressão.
“Escrevo a realidade de um povo. Sempre fui tímida e vi na escrita uma terapia para fugir das críticas “, avança.
Lê muitos escritores, mas é com a escrita do conceituado e indescritível Mia Couto que mais se embala. Segundo explica, identifica-se com o escritor moçambicano pela sua sensibilidade com a humanidade.
Desde o início da carreira à esta parte, participou da antologia da Editora Phata e também foi certificada pela ALIPE( Academia Literária Internacional de Poetas e Escritores).