Numa reflexão intitulada “A Verdade Oculta sobre a Independência de Moçambique”, Severino Ngoenha, filósofo e reitor da Universidade Técnica de Moçambique, fez uma análise contundente sobre os 49 anos de independência do País. Ngoenha criticou a transição para o liberalismo económico, que, segundo ele, transformou Moçambique em uma “dolarcracia”. Ele apontou que essa mudança beneficiou grandes empresas que não pagam impostos, enquanto líderes da segunda república focam em interesses individuais em detrimento do bem colectivo.
Texto: Dossiers & Factos
Ngoenha argumentou que, após quase cinco décadas de independência, Moçambique se tornou num país falido e sem recursos financeiros suficientes. Ele questionou a criação de um fundo soberano, afirmando que a falta de condições actuais torna este fundo uma medida imprudente. “Nenhum pai sacrifica seus filhos para poupar dinheiro no banco para seus netos”, declarou, enfatizando que, sem uma base sólida no presente, não haverá futuro para o país.
O filósofo destacou a educação como o maior investimento que Moçambique pode fazer. Comparando o país a nações como Coreia do Sul e Malásia, que apostaram fortemente em ciência e tecnologia, Ngoenha criticou as universidades moçambicanas por sua falta de foco em pesquisa e por oferecerem diplomas incompatíveis com a realidade do saber. Ele clamou por uma política séria de ensino superior que fortaleça as universidades e promova o desenvolvimento nacional.
Além disso, Ngoenha expressou preocupação com a estabilidade política no continente africano, mencionando conflitos no Congo, a invasão da Mauritânia e a divisão do Sudão. Ele alertou para o risco de que o conflito no norte de Moçambique possa levar à separação de Cabo Delgado.
Publicado na página do YouTube do filósofo, o discurso “A verdade Oculta sobre a Independência de Moçambique” reflecte a visão crítica de um dos mais respeitados pensadores do país sobre o caminho percorrido desde a independência e os desafios que ainda precisam ser superados para garantir um futuro próspero para Moçambique.
