João Paulo Rego, cabeça de lista da RENAMO para governador da província de Inhambane, apresentou, em entrevista exclusiva ao Dossiers & Factos, o que diz ser uma visão clara e ambiciosa para a governação, destacando que o seu objectivo é fazer “uma governação de inclusão e mais virada para o povo”. Professor de profissão e actual chefe do Departamento de Formação e Estudos Estratégicos, além de membro do Conselho Nacional, Rego manifestou um forte sentido de responsabilidade ao ser escolhido para liderar a lista, afirmando que sente “um sentimento de missão e responsabilidade” e que deseja “materializar aquilo que agora são sonhos”.
Texto: Anastácio Chirrute, em Inhambane
Apesar de Inhambane ser frequentemente considerada um bastião da Frelimo, Rego contesta essa visão, dizendo: “Não vejo Inhambane como bastião da Frelimo, mas que se faça passar de bastião à força”. Ele acredita que muitos funcionários dentro da Frelimo estão lá por medo de represálias ou em busca de oportunidades, e propõe uma nova abordagem onde o desenvolvimento da província seja prioritário.
Em relação aos recursos financeiros, Rego destaca que “existe uma linha de financiamento dentro do próprio governo central”, especialmente para a construção e manutenção de vias de acesso, e promete aplicar esses fundos de maneira eficaz, uma vez que “não sabemos o que acontece para não colocar as coisas no lugar”. Ele também criticou a governação de Daniel Chapo, actual candidato da Frelimo à Presidência da República, argumentando que “Chapo é um dedo dentro da estrutura” de um partido no poder já degradado, e que “não melhorou absolutamente nada na província” de que foi governador até Maio do presente ano.
Na sua visão de governação, Rego coloca a educação como uma prioridade, criticando a falta de formação adequada para as indústrias locais, como as areias pesadas de Jangamo. Ele questiona: “Qual é o instituto técnico profissional a nível da província de Inhambane que está a formar mão-de-obra à altura para poder responder à questão das areias pesadas? Nós não temos.” Para ele, é essencial “alavancar a economia” e combater a corrupção, pois “não há país que ande devidamente enquanto houver corrupção”.
Quanto à exploração de recursos florestais, Rego propõe uma gestão mais sustentável, afirmando que “precisamos regular as empresas que exploram os recursos florestais”, e que “não podemos abater sem antes fazermos o seu plantio”. Ele defende que as empresas devem ter uma responsabilidade social mais forte, como contribuir para a infra-estrutura local, garantindo que “qualquer empresa que quiser explorar madeira terá que apetrechar primeiro as escolas que estiverem ali por perto”.
Rego, sendo jovem, também diz compreender os desafios enfrentados pela juventude, especialmente no que diz respeito ao emprego. Ele planeia “dinamizar o processo de desligamento” de funcionários que já atingiram a idade de reforma para abrir espaço para os jovens. Além disso, propõe a criação de “fábricas de processamento, sobretudo para a indústria pesqueira e pecuária”, que poderiam gerar emprego para mais de 2 mil jovens.
Por fim, Rego aborda a questão da habitação para jovens, destacando que “a situação de habitação está no segundo pilar” do seu projecto de governação. Ele sugere que, além de atribuir terrenos aos jovens, é necessário garantir que essas áreas tenham serviços essenciais como água, luz e postos de saúde, para que os jovens possam viver dignamente.
Com essas propostas, João Paulo Rego promete uma governação que prioriza o desenvolvimento inclusivo e sustentável da província de Inhambane, colocando o bem-estar da população como foco central.
