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Transporte rodoviário mais caro em Inhambane

Duas semanas depois de os transportadores semi-colectivos paralisarem as actividades, a Associação do Transportes Rodoviários de Inhambane (ASTROI), reunida em Assembleia-Geral, decidiu fixar novos preços de transporte inter-distrital. Um quilómetro passa a custa 1.50 meticais. Vida cada mais difícil para os cidadãos.

Texto: Anastácio Chirrute, em Inhambane

Viajar de Maxixe para qualquer outro distrito da província de Inhambane passou a ser mais caro desde o dia 30 de Março do ano em curso. A ASTROI decidiu pelo aumento da tarifa, passando a cobrar 1.50 meticais por cada quilómetro de distância. Ou seja, quem pretenda viajar de Maxixe a Vilankulo, por exemplo, uma distância de quase 250 quilómetros, passa a pagar cerca de 360 meticais, contra os anteriores 280 meticais.

Os transportadores dizem que a decisão è bem-vinda, mas não vai compensar os gastos com o combustível. Arnaldo Vilankulo, transportador de passageiros que faz o trajecto Maxixe-Vilankulo e vice-versa, defende que por quilómetro devia se cobrar 1.70 meticais. De resto, era esta a proposta dos transportadores.

“Como já foi decidido, não podemos fazer nada. Por mim, seria melhor se tivessem aplicado a tarifa de 1.70 meticais por quilómetro. O combustível continua muito caro. Para conseguirmos viajar da Maxixe a Vilankulo gastamos cerca de 60 litros, estamos a falar de quase cinco mil meticais. É muito dinheiro em comparação com o valor que vamos passar a cobrar, sem contar com a manutenção do próprio carro”, lamentou.

Seja como for, o reajuste decretado pela ASTROI reanimou os operadores de transporte, que se queixavam de estarem a acumular prejuizos. É o caso de Mário Nhassavel, que,  há duas semanas, decidiu parquear a sua viatura, alegadamente porque não mais conseguia cobrir as despesas de manutenção da mesma. Ao ouvir a boa-nova, ficou muito satisfeito.

“Sinto-me um pouco aliviado com esta nova tarifa, pelo menos vai dar para abastecer e ainda restarem alguns troquinhos para a compra de algumas peças. Porém, não é suficiente, queríamos que tivessem aumentado mais a tarifa de transporte”, disse.

Um outro transportador revela-nos que também estava à beira de arrumar o carro como forma de evitar conflitos com o patronato, pois a receita já era “muito baixa”.

“Imagina comprar um litro de gasolina a 80 meticais. Não é fácil. Eu particularmente cobro 10 a 12 meticais por passageiro e meu carro tem capacidade para carregar 18 pessoas. São quase 180 meticais e sempre abasteço no mínimo 1000 meticais, com quanto eu ficava?”, questionou Adolfo Sarmento Bata.

 

Transportadores marítimos exigem a sua parte

Por sua vez, os transportadores marítimos olham para esta decisão como uma oportunidade para agravarem o preço do bilhete, que ainda custa 15 meticais.

“Nós já vínhamos reclamando desde há muito. Por causa dos efeitos da Covid-19 fomos obrigados a reduzir o número de passageiros. Por exemplo, os barcos que carregavam 60 pessoas baixaram para 50, uma quebra de 10 passageiros. Quando houve o aumento do preço de combustível, ficamos mais preocupados ainda”, disse Daniel Rungo.

Dossier Económico sabe que já se ensaia o aumento da tarifa do transporte marítimo, e é forte a possibilidade de o bilhete passar a custar 20 meticais.

 

Utentes mais sufocados

Entretanto, os passageiros não estão nada entusiasmados com as últimas notícias. Entendem que os recentes aumentos vão sufocar ainda mais a vida dos cidadãos que, diariamente, dependem do transporte para chegarem aos seus destinos.

Arminda Fernando é comerciante e compra produtos alimentares na Maxixe para revende-los no distrito de Panda. Revelou-se preocupada com o agravamento da nova tarifa de transporte. “A realidade é outra, será mais difícil”, sintetizou.

A decisão de aumentar a tarifa surge duas semanas depois de os transportadores terem paralisado suas actividades, na sequência do anúncio dos novos preços de combustíveis por parte do Governo.

Entretanto, os transportadores que operam nos distritos de Funhalouro e Mabote, onde as estradas estão em acentuado estado de degradação, impuseram novos preços antes mesmo da decisão da ASTROI.

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