Numa altura em que o mundo tende a colocar o uso de combustíveis fósseis, o carvão mineral, petróleo, entre outros, em decadência, devido ao risco que colocam à saúde humana, assim como ao meio ambiente – a mineradora Vulcan pretende capitalizar ainda mais a sua produção nas minas de Moatize, na província de Tete. Em entrevista ao Dossier Económico, a Vulcan, através do seu Gabinete de Comunicação e Imagem (GCI), refere que ainda há muita procura por este recurso, motivada sobretudo pela discrepância no desenvolvimento dos países. “Nem todos os países estão no mesmo nível em termos de tecnologia, desenvolvimento e parque energético instalado”, justifica.
Texto: José de Castro
Dossier Económico (DE): Qual é a situação actual da empresa ou das operações?
Vulcan : O nosso primeiro ano a operar a Mina de Carvão de Moatize foi marcado por muitas realizações. Batemos recordes de produção, transporte e embarque de carvão, o que culminou com a produção anual de 12 milhões de toneladas (um número nunca antes alcançado na nossa operação). Estes marcos que alcançámos são resultado do foco que demos à resolução de alguns constrangimentos operacionais, o que ajudou a alcançar o potencial produtivo, e do compromisso de cada colaborador que, com afinco, contribuiu para que a Vulcan conseguisse alcançar as metas em termos de segurança e produção.
DE: Como estão em termos de volume de negócios do carvão, numa altura em que cresce o tom contra o uso de combustíveis fósseis pelo mundo?
Vulcan: Mesmo com essa corrente que desaconselha a utilização de combustíveis fósseis, a demanda por carvão mineral continua. Acreditamos que esse processo de substituição do carvão por outras fontes de energia ainda irá levar muito tempo. O carvão térmico ainda desempenha um papel fundamental mesmo em países europeus. Em relação ao carvão metalúrgico, o mundo continua a crescer e a demanda por aço e suas matérias-primas, como minério de ferro e carvão metalúrgico, ainda continuará forte, por razões óbvias.
DE: Isso significa que a empresa continuará a apostar fortemente nesse segmento e, por arrasto, em Moçambique?
Vulcan: Como empresa, para nos mantermos competitivos e ter um negócio sustentável, focamo-nos no aumento dos volumes de produção e no rigoroso processo de revisão e controlo de custos, continuando a envidar esforços para respeitar os processos de cuidado e protecção do meio ambiente, mesmo sendo desafiantes.
“Somos um dos maiores empregadores do País”
DE: Em termos de receitas, qual é a contribuição da empresa para o País?
Vulcan : A Vulcan Mozambique foi distinguida pelo Ministério da Indústria e Comércio como Maior Exportador do Sector Mineiro de Moçambique, na Feira Internacional de Maputo (FACIM) 2022. Isso demonstra que o carvão produzido nas nossas operações é um dos principais produtos exportados pelo País e contribui de forma directa para as receitas do Estado. Aliado a isso, somos um dos maiores empregadores do País, com um total de 17.425 trabalhadores, entre directos e indirectos, dos quais 97% são nacionais.
DE: Quais têm sido os maiores desafios durante as operações?
Vulcan: Desafios sempre existirão de várias formas. O importante é usar o conhecimento, além da experiência da nossa mão-de-obra e o apoio de todos os nossos parceiros, desde o Governo, fornecedores e organizações diversas para conseguir ultrapassá-los.
Empresa quer produzir 18 toneladas anuais
DE: Quais são as expectativas da empresa para os próximos tempos?
Vulcan: As perspectivas tendem a ser boas. Estamos a construir bases sólidas para atingir o volume de produção de 18 milhões de toneladas. Queremos continuar a construir uma história de sucesso na mineração do País e deixar um legado para as gerações futuras.
DE: Como está a relação entre a empresa e as comunidades de Moatize?
Vulcan: A empresa mantém uma relação de inclusão das comunidades e tem vindo a consolidar uma rede de parcerias com o objectivo de contribuir para o desenvolvimento e sustentabilidade económica das comunidades que circundam o seu empreendimento, por meio da promoção do diálogo e entendimento, fomentando acções de geração de renda, formação de mão-de-obra local, fornecimento de água, apoio a instituições de acolhimento de vulneráveis, entre outras iniciativas de apoio ao desenvolvimento local, que reafirmam o nosso compromisso com iniciativas de sustentabilidade. Os canais de auscultação da Vulcan são divulgados para o público, em geral, e são do conhecimento da comunidade local. Estes estão sempre abertos para ouvir e interagir com a comunidade. A empresa possui centros de atendimento voltados para esse fim, monitores sociais pertencentes à comunidade que fazem a interacção em tempo útil, e tem a CAOP (Comissão de Acompanhamento das Operações), que faz visitas mensais ao site e acompanha de perto todo o processo operativo.