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EMPREENDEDORISMO NO PAÍS: Acesso ao financiamento continua principal entrave

– ADE defende fundos bonificados para contornar altos juros

O difícil acesso ao financiamento continua a ser uma limitante para iniciativas de empreendimento no País, principalmente para as Micro, Pequenas e Médias Empresas (PME). De acordo com a Agência de Desenvolvimento em Empreendedorismo (ADE), os juros insuportáveis cobrados pela banca para ceder crédito e a falta de informações sobre as oportunidades de investimento constituem outros entraves.

Texto Benety Matongue

Os altos índices de desemprego e a necessidade de encontrar fontes alternativas de renda têm vindo a despertar a consciência empreendedora no seio da sociedade, com muitos jovens formados em várias áreas do saber a abraçarem este ramo.

Entretanto, quem envereda por este caminho continua a enfrentar várias barreiras para lograr sucesso, principalmente no acesso ao crédito para iniciar ou dinamizar o seu negócio.

A ADE, que actua na área há alguns anos, reconhece que apesar do notável crescimento do número de pessoas a optarem pelo empreendedorismo, as instituições financeiras continuam pouco receptivas às solicitações de financiamento.

Com vista a contribuir para contrariar esta tendência, a ADE tem vindo a promover fóruns regionais de negócios e empreendedorismo, encontros que juntam diferentes intervenientes, desde Governo, instituições financeiras, empresários, empreendedores, académicos e estudantes finalistas.

Neste contexto, já decorreram três fóruns no Centro do País, o primeiro no distrito de Vandúzi, na província de Manica, o segundo e terceiro em Nicoadala e Mocuba, respectivamente, na Zambézia.

No próximo dia 09, a zona Sul, concretamente o recém-criado Município da Matola-rio, vai acolher o quarto Fórum Regional de Negócios, investimento e Desenvolvimento Sustentável, sob o lema “Desafios, Geração de Emprego e Inovação Tecnológica”.

Foi no âmbito dos preparativos deste evento que o director executivo da ADE, Policarpo Tamele, falou das dificuldades que continuam a minar o desenvolvimento do empreendedorismo no País, com realce para as barreiras no acesso ao crédito.

“Realçar que não está nada fácil, porque temos recebido muitas inquietações indicando que o acesso ao financiamento tem tido uma limitante que tem a ver com as taxas de juros exigidas pelos bancos comerciais. Se falamos de uma micro empresa, imagina as grandes empresas. Aliás, mesmo a CTA, em várias ocasiões, já reclamou sobre as altas taxas de juros, que não favorecem”, afirmou Tamele, em entrevista ao Dossier Económico.

Como uma das saídas para este problema, o director executivo da ADE defende a criação de mecanismos de créditos bonificados para impulsionar iniciativas empreendedoras.

“…o empreendedor quer um arranque, portanto, com um plano de negócios e este apoio ele pode dinamizar o negócio e até reembolsar o valor”, defendeu Tamele, acrescentando que “este é um desafio que se ultrapassa através de políticas assertivas, é necessário que o Banco Central e o Governo, através do Ministério da Economia e Finanças, possam encontrar um meio-termo no sentido de criar uma almofada para confortar o empreendedor de modo a que possa caminhar com os próprios pés”.

Fórum da Matola-rio expõe oportunidades de investimento

Sobre o Fórum de Negócios da Matola-rio, Tamele explicou que, à semelhança dos três anteriores que decorreram no Centro do País, servirá de uma espécie de montra das várias janelas de financiamento e principalmente um espaço de reflexão entre os vários interessados de modo a capitalizar as oportunidades de acesso ao crédito e remoção de barreiras.

Chamado a explicar as razões que ditaram a escolha da Matola-rio para acolher o evento, Tamele destacou que o facto de ser uma nova autarquia e em franco desenvolvimento foi determinante.

“Há um crescimento digno de realce, então, há que trazer esta informação ao ecossistema de empreendedores, agentes económicos, porque o nosso grupo alvo são as Micro, Pequenas e Médias Empresas e estudantes finalistas dos institutos médios, para que possam compreender que, fora a procura do emprego, podem empreender, saber como fazer um plano de negócios e como aceder ao financiamento”, detalhou.

De acordo com Tamele, no encontro da Matola-rio espera-se a participação de cerca de 200 pessoas, entre representantes do Governo, empresários, empreendedores, estudantes finalistas e instituições financeiras que irão discutir sobre vários aspectos relacionados ao investimento, empreendedorismo e criação de empregos.

O director executivo da ADE detalhou que os principais objectivos do encontro são promover reflexão para criação de um ambiente de negócios que favoreça a geração emprego e também partilha e disseminação de informações sobre oportunidades de negócios, linhas de financiamento e serviços.

Tamele esclarece que o evento tem uma componente diferenciada porque prioriza o acesso à informação.

“Convidamos parceiros que vão divulgar aquilo que são oportunidades de negócios e linhas de financiamento, isto porque, como é sabido, têm sido realizados vários fóruns sobre oportunidades de negócios, financiamento e emprego, mas, muitas vezes a informação não chega ao grupos-alvo, ou, se chega, é com ruído”, observou Tamele, reforçando que “nas áreas rurais e nas vilas autárquicas em desenvolvimento a informação não chega e é lá onde estão os produtores, os estudantes finalistas e os empreendedores. Então pensamos que esta forma de interacção é benéfica”.

Finalizando, referiu que os encontros que a ADE tem vindo a promover estão a trazer resultados positivos, frisando que “estão a impactar, a informação está a chegar, então, estamos a sentir o impulsionar activo dos empreendedores que estão a aceder ao financiamento, a sair do informal para o formal e a gerar emprego”.

Texto extraído na edição 113 do Jornal Dossier económico

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