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Através de um despacho exarado a 05 de Setembro corrente, o presidente da Renamo, OssufoMomade, exonerou André Magibire do cargo de secretário-geral da Renamo, lugar que vinha ocupando desde 2019, quando sucedeu a Manuel Bissopo. Dossiers & Factos vasculhou e avança aqui os “pecados” que ditaram a queda daquele que era o número dois da “perdiz”.
Texto: Serôdio Towo
Naquela que é a primeira grande mexida desde que foi eleito presidente da segunda maior força política nacional, Ossufo Momadea fastou André Magibire do cargo de secretário-geral do partido. Fontes internas apontam que a decisão terá sido influenciada por razões ligadas aos aspectos administrativos, sociais e ao processo de Desmobilização, Desarmamento e Reintegração (DDR) das forças residuais da Renamo.
Ao que Dossiers & Factos apurou, o último factor, DDR, foi o mais determinante. Fontes ligadas ao processo DDR confidenciaram-nos que André Magibire terá colocado entre os beneficiários do processo pessoas das suas relações, sem que as mesmas preenchessem os requisitos necessários para o efeito. Consta ainda que o assunto chegou aos ouvidos do enviado especial do secretário-geral das Nações Unidas e chefe do grupo de contacto, Mirko Manzoni.
Igualmente, há informações que dão conta de que a própria gestão dos fundos disponibilizados por parceiros para a materialização do DDR terá suscitado dúvidas e questionamentos. Refira-se que este é um processo que envolve somas significativas de dinheiro.
Dossiers & Factos apurou que o partido Renamo, no ano passado, instaurou um processo disciplinar contra este quadro, e as razões para isso estarão mesmo associadas aos “pecados” alegadamente por si cometidos no aspecto social.
De outro lado – nível administrativo – Magibire é acusado de criar algum “mal-estar” dentro do partido concretamente na província de Sofala, seu círculo eleitoral, onde, segundo as mesmas fontes, Magibire movimentava-se pelos bastidores para colocar-se como cabeça de lista do partido com finalidade única de ser candidato a um dos mais cobiçados cargos eleitorais naquela província.
Já no campo social são-lhe apontados alguns comportamentos considerados censuráveis e com potencial para manchar a imagem do partido. A título de exemplo, Magibire deu recentemente uma entrevista aos órgãos de comunicação social quando estava aparentemente embriagado. De resto, o momento, no qual falava sobre o surgimento da Renamo Democrática, tornou-se viral nas redes sociais. Aliás, esta não é a primeira vez que Magibire comete este tipo de comportamento e há ainda registo de, no ano passado, ter sido escorraçado a bordo de um avião por estar embriagado e a criar desordens. Outras práticas são ainda imputadas a este quadro da perdiz, mas, por razões éticas, Dossiers & Factos prefere não reproduzi-las.
Sucessor carece de sufragação do Conselho Nacional
Ossufo Momade deve, nos próximos dias, propor nome(s)da (s) próxima figura que vai ocupar o cargo que era exercido por André Magibire. Segundo rezam os estatutos deste partido, o nome a ser proposto pelo presidente da Renamo deverá, de seguida, ser aprovado pelo Conselho Nacional, conforme determina a alínea f) do rol das competências do órgão.
Composto por 100 membros eleitos pelo congresso, o Conselho Nacional reúne-se, ordinariamente, duas vezes por ano, sendo queeste ano o órgão, já se reuniu uma vez, em Maio, na cidade de Maputo. Quer isto dizer que o próximo número dois pode ser eleito na sessão ordinária que pode ser convocada a qualquer momento, havendo ainda espaço de ser convocada uma sessão extraordinária para tratar deste assunto.
Consta-nos que Osufo Momade estará a preparar mexidas também no seu gabinete, assim como numa das delegações provinciais da zona centro do país. Estas decisões surgem numa altura em que o chefe da “perdiz” está em modo pré-campanha, fazendo uma digressão pelas províncias do Norte e Centro do país.
